A Morte de Marcelo Cavalcante e o Ministério Público de Yeda Crusius

quinta-feira, 17 de março de 2011

Memória, conhecimento e sabedoria são algumas coisas que ninguém nos tira. Mas no rebola de cá, rebola de lá, no vem e no vai... Olha.. Não é fácil... O Ministério Público do Rio Grande do Sul martela duas vezes no prego e uma no dedo. Por isso, eu fico às vezes com receio de falar dele.

Não faz muito, nem uma semana, foi no sábado (12), que promotores e procuradores de justiça elegeram a lista tríplice. Ou seja, os três indicados para o cargo de Procurador-Geral de Justiça do Rio Grande do Sul. Quem fará a escolha é o governador Tarso Genro. Os nomes já foram enviados. Amanhã ou segunda-feira um dos três mais votados será o chefe do Ministério Público nos próximos dois anos. A atual ocupante do cargo, Simone Mariano da Rocha, recebeu 426 votos. Eduardo de Lima Veiga ficou com 305 e Paulo Fernando dos Santos Vidal, com 79 votos. No entanto, 647 dos 676 procuradores e promotores de Justiça que compõem o colégio eleitoral da Instituição votaram. Simone Mariano da Rocha atribuiu o índice de 65,8% de aceitação ao trabalho de unificação da classe.

Bom, mas o cerne da questão são os fatos do passado não é mesmo? Por que afinal de contas quem bate não se lembra e quem apanha não esquece. Então aí vai... Você recorda quem foi Marcelo Cavalcante, de 41 anos, ex-representante do governo Yeda Crusius em Brasília? Aquele que foi sepultado no início da tarde de quarta-feira, no dia 18 de fevereiro de 2009, no Cemitério Campo da Esperança, em Brasília... Não? Don't worry! O Compasso Político tem esse objetivo, também, de relembrar!

O ex-representante de Yeda Crusius estava desaparecido desde o dia 14 de fevereiro de 2009, quando foi encontrado morto no Lago Paranoá, junto a uma das pilastras da ponte Juscelino Kubitschek, em Brasília. Conforme as investigações da Polícia Civil, os indícios apontam suicídio.

E de Eliseu Santos? Pois é.. Ele também morreu... quase um ano após Marcelo Cavalcante. O assassinato aconteceu na noite de sexta-feira, dia 28 de fevereiro de 2010. O médico e político Eliseu Santos foi baleado dentro de seu carro, na rua Hoffman, quase esquina com a avenida Cristóvão Colombo, no bairro Floresta, de Porto Alegre. Relatos de testemunhas, afirmaram que quatro homens teriam descido de um Vectra e disparado contra o ex-secretário. Moradores disseram que ouviram sete tiros. Entretanto, conforme informações preliminares, Santos teria sido alvejado por três balas. Em seguida, os criminosos retornaram ao veículo e fugiram. O crime aconteceu a cerca de 500 metros do ponto onde foi assassinado o médico Marco Antônio Becker, em dezembro de 2008.

A governadora Yeda Crusius finalizou a cerimônia que antecedeu o cortejo fúnebre e prestou as honras ao secretário. Yeda disse: falar sobre o Eliseu é falar sobre o seu caminho de servir. Melhorar, este sempre foi o seu objetivo. As palavras de conforto que ele pregava são ditas agora para tornar a despedida mais fácil. Ele viveu por uma causa, por um propósito. E sempre se fez presente quando chamado. Uma figura enérgica, um homem combativo, dedicado às grandes causas do nosso Estado.

Só para relembrar... O crime aconteceu um dia depois de Eliseu Santos depor na Polícia Federal que investigava o desvio de recursos do Programa Saúde da Família em Porto Alegre (Operação Pathos). Em maio de 2009, Santos esteve envolvido em outra polêmica envolvendo sua gestão na Secretaria da Saúde de Porto Alegre. Ele teria recebido ameaças de morte neste período.

Esses foram os dois personagens que usei para falar de dois dos indicados na lista tríplice. A Simone Mariano da Rocha mexeu e remexeu os pauzinhos para safar Yeda Crusius de umas boas pás de encrencas... Uma bem grande foi em 17 de agosto de 2009, dia em que a governadora Yeda Crusius ainda estava com o depoimento marcado para o dia seguinte (18), em Porto Alegre, como testemunha de defesa do ex-presidente do Detran, Flávio Vaz Netto, em função da fraude de 44 milhões de reais. Mas, conforme o advogado de Yeda, Fábio Medina, a governadora não iria mais depor. A juíza da 3ª Vara da Justiça Federal de Santa Maria, Simone Barbizan Fortes aceitou a substituição de testemunha a pedido do advogado de Vaz Netto, Paulo Oliveira que não tinha mais interesse em colher o depoimento de Yeda.

No mesmo dia 17, o advogado enviou uma petição indicando um amigo pessoal de Vaz Netto, Flávio Saldanha, para depor. Para o advogado de defesa, como a governadora estava sendo investigada pela Procuradoria-geral da República e com a ação de improbidade administrativa pelo Ministério Público, o depoimento dela perderia a credibilidade no processo penal. "A governadora deixa de ter a posição de testemunha e passa ter uma posição de investigada".

Os deputados da oposição pediram na época, a reabertura da investigação sobre a compra da casa da governadora Yeda Crusius à procuradora-geral de Justiça do Rio Grande do Sul, Simone Mariano Rocha, que aliviou logo em seguida a situação.

Já Eduardo de Lima Veiga é assim-assim com o promotor, ex-secretário estadual do meio ambiente e ex-titular do Gabinete de Transparência do Governo Yeda, Carlos Otaviano Brenner de Moraes. O anúncio foi feito pela governadora da época, em 20 de outubro de 2008, durante a Festa Nacional da Música, no Hotel Laje de Pedra, em Canela. Ou seja, um promotor na secretaria estadual do meio ambiente? Feia a coisa né? Chega a feder!

Historicamente, os governadores escolhem o candidato mais votado, mas não existe essa certeza na atual eleição. Tarso Genro tinha o prazo de 15 dias para definir e nomear o futuro titular do cargo. A única certeza é a posse do novo Chefe do Ministério Público gaúcho que será no dia 4 de abril.

Por que é difícil falar do Ministério Público? Mais uma!

Confira a segunda lista, depois abaixo a primeira lista divulgada pelo promotor eleitoral Amilcar Macedo, que investigava o uso irregular do Sistema de Consultas Integradas do RS por integrantes do alto escalão do Palácio Piratini, na época de Yeda Crusius. Vale lembrar que a função específica da Casa Militar e do Gabinete de Segurança Institucional do governo é manter a integridade da governadora:

Abaixo, a segunda lista, divulgada em 21 de setembro de 2010:

- Adriano dos Santos Raldi (procurador federal, um dos que ajuizou, em agosto de 2009, ação de improbidade administrativa contra Yeda Crusius e membros do seu governo)

- Bayard Fischer (médico, suspeito de mandar matar o vice-presidente do Conselho Regional de Medicina do RS, Marco Antonio Becker, em dezembro de 2008)

- Bárbara Margareth André da Rocha

- Berfran Rosado (deputado estadual pelo PPS-RS, ex-secretário de Yeda e candidato a seu vice)

- Carla Marcon Della Giustina

- Carlos Roberto Bondan e familiares (coronel da Brigada Militar, comandante do Comando de Policiamento Metropolitano)

- Cid Martins (jornalista, repórter da Rádio Gaúcha – Grupo RBS)

- Cristina Bolson Marchezan

- Edilson Paim (delegado da Polícia Civil–RS)

- Edis Ferreira dos Santos Cunha (promotor de Justiça)

- Estella Maris Simon (ex-presidente do Departamento Estadual de Trânsito-RS)

- Gisele Uequed (candidata à deputada estadual pelo PV-RS e filha do ex-deputado federal Jorge Uequed)

- Guilherme Pacífico (delegado da Polícia Civil–RS)

- Humberto Trezzi (jornalista, repórter do jornal Zero Hora – Grupo RBS)

- Jayme Sirotsky (presidente emérito do Grupo RBS)

- Jorge Uequed (ex-deputado federal pelo PMDB-RS)

- Magda Koenigkan (ex-mulher de Marcelo Cavalcante )

- Marcelo Cavalcante e familiares (ex-representante do governo gaúcho em Brasília, encontrado morto em fevereiro de 2009 no lago Paranoá, na Capital Federal. Supostamente se suicidou. Sua morte ainda não foi totalmente solucionada)

- Marcelo Sirotsky (família Sirotsky – Grupo RBS)

- Maria Olivia Girardello Sirotsky (família Sirotsky – Grupo RBS)

- Mateus Bandeira (presidente do Banrisul)

- Neldo Augusto Dobke Valadão (assessor jurídico do MP-RS)

- Nelson Marchezan Jr. (deputado estadual PSDB-RS, candidato a federal)

- Paulo Roberto Mendes (coronel da Brigada Militar, ex-comandante da instituição, e juiz militar indicado por Yeda Crusius)

- Ranolfo Vieira Junior (delegado titular do Departamento Estadual de Investigações Criminais da Polícia Civil-RS)

- Renato Gava (jornalista, repórter do jornal Diário Gaúcho – Grupo RBS)

- Ricardo Englert (secretário da Fazenda do RS)

- Simone Mariano da Rocha (procuradora-geral de Justiça do RS)

- Wianey Carlet (radialista da Rádio Gaúcha – Grupo RBS)

Abaixo, primeira lista, divulgada em 5 de setembro de 2010:

- Adão Paiani (Ex-ouvidor da Secretaria da Segurança do RS)

- Ana Claudia Mazzali (capitã da Brigada Militar)

- Coronel Quevedo (Brigada Militar, ex-chefe da Casa Militar do governo Yeda; pediu afastamento na semana passada)

- Chefes do Serviço de Inteligência do Comando de Policiamento Metropolitano e do V COMAR (Quinto Comando Aéreo Regional)

- Claudio Manfroi (ex-presidente do PTB-RS)

- Eliseu Santos (ex-secretário da Saúde de Porto Alegre, assassinado no início do ano)

- Flávio Conrado (delegado da Polícia Civil)

- Flavio Koutzii (ex-deputado estadual do PT-RS)

- Heliomar Franco (delegado da Polícia Civil)

- Jefferson de Barros Jacques (major da Brigada Militar)

- Lair Ferst (empresário, uma das principais figuras do escândalo do Detran-RS, que deu origem à Operação Rodin)

- Luis Augusto Lara (deputado estadual do PTB-RS)

- Luis Carlos Busato (deputado federal do PTB-RS)

- Marco Aurélio Weisshmeimer (jornalista)

- Maria Lúcia Streck (jornalista)

- Nereu Lima (advogado)

- Roberto Sirotsky Gershenson (família Sirotsky – Grupo RBS)

- Políbio Braga (jornalista)

- Rafael Colling (jornalista)

- Ricardo Lied (ex-chefe de gabinete da governadora Yeda Crusius, um dos que pedia as consultas irregulares)

- Sandra Terra (assessora da governadora Yeda Crusius, uma das que pedia as consultas irregulares)

- Sérgio Zambiasi (senador do PTB-RS)

- Stela Farias (deputada estadual do PT-RS)

- Tania Regina Silva Reckziegel (presidente do PTB Mulher – RS)

- Tarso Genro (ex-ministro e candidato do PT ao governo do RS)

- Telma Cecília Torran

- Vanessa Guazzelli Braga

- Walna Vilarins Menezes (assessora da governadora Yeda Crusius, uma das que pedia as consultas irregulares)

- Yeda Rorato Crusius (governadora do RS)

1 comentários:

Filipe Peixoto disse...

fala gustavo! como prometido, vim dar uma olhada no teu blog. Fiquei surpreso com o conteúdo, acho louvável que tu, como jovem que és, disserte e tenha interesse nos assuntos mais árduos do dia-a-dia, como a política, a corrupção, etc. acho que isso te diferencia bastante, e o exercício da escrita é um ótimo caminho para aprimorar nosso trabalho como jornalista. Parabéns! Um abraço, Filipe

 
Compasso Político