Brasil perde um de seus poucos políticos competentes

terça-feira, 24 de maio de 2011

O Brasil não é bem conhecido pela integridade de seus políticos, mas há nomes que não passam despercebidos, justamente, por essa disparidade. Parece que a Dona "morte" resolveu ligar o shuffle e levar com ela referências na área. Desta vez o escritor, intelectual, ativista, ator, escultor, e ex-senador da República, Abdias do Nascimento. Ele se exilou nos Estados Unidos em 1968, durante a ditadura militar, participou, no Caribe, na África e nos Estados Unidos, de vários encontros do movimento internacional pan-africanista e retornou ao Brasil em 1978.


Morreu nesta terça-feira aos 97 anos, no Rio de Janeiro. Nascido em Franca, interior de São Paulo, em 1914, Abdias foi pioneiro do movimento negro no Brasil. Nos anos 30, participou da Santa Hermandad Orquídea, formada por poetas sul-americanos. Nos anos 40, criou o Teatro Experimental do Negro. Também fundado por ele, o Comitê Democrático Afro-Brasileiro advogou por direitos para as empregadas domésticas e políticas afirmativas para a população negra, propostas levadas à Assembleia Nacional Constituinte de 1946.


Entrou para a política partidária e foi deputado federal pelo PDT de Leonel Brizola, de 1983 a 1987. Suplente de Darcy Ribeiro (1922-1997), Abdias exerceu mandato de senador de 1997 a 1999. Apresentou vários projetos com objetivo de combater o racismo e buscar reparação, em razão do escravagismo, à população afrodescendente brasileira.


No segundo governo de Brizola no Rio de Janeiro, Abdias foi titular da Secretaria Extraordinária de Defesa e Promoção das Populações Afro-Brasileiras (Seafro). Professor benemérito da State University of New York, recebeu título de doutor honoris causa pela Universidade de Brasília (UnB) e pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), em função da militância no combate à discriminação racial no Brasil. Recebeu diversas premiações, dentre as quais o Prêmio Unesco na categoria Direitos Humanos e Cultura de Paz, em 2001.

Ou seja, uma perda irreparável para a política brasileira. Por que a maioria dos políticos que deveriam representar o povo, nada mais, nada menos que cumprir o seu papel, jamais terão pessoas tristes aqui deste lado pela perda e ao mesmo tempo pessoas felizes do outro lado da vida por estar recebendo de volta um grande ser que por aqui passou e deixou um lição de vida e uma boa história que tem obrigação de ser repassada.

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